Mais da metade da população da Bahia ainda vive sem acesso à rede de esgoto. Segundo dados recentes, 58,8% dos domicílios baianos não são atendidos pela coleta, o que representa mais de 8 milhões de pessoas. A falta de saneamento básico tem causado impactos diretos na saúde pública, com mais de 11 mil internações registradas em um único ano por doenças de veiculação hídrica, como hepatite, cólera e diarreia. Esses números colocam o estado entre os piores do país quando o assunto é infraestrutura sanitária.
O problema reflete uma combinação de fatores: baixo investimento, desigualdade entre regiões urbanas e rurais e demora na ampliação da rede de tratamento. De acordo com o Instituto Trata Brasil, menos da metade do esgoto gerado no estado é tratado. Mesmo em Salvador, que possui o maior índice de cobertura, cerca de 280 mil moradores ainda vivem sem acesso adequado. No interior, a situação é ainda mais crítica, com municípios inteiros dependendo de fossas improvisadas e descarte irregular.
Além do impacto na saúde, a ausência de saneamento traz prejuízos econômicos. Mais de R$ 5 milhões foram gastos apenas em internações hospitalares que poderiam ser evitadas com investimentos em infraestrutura. Enquanto isso, a tarifa de água e esgoto da Embasa sofreu reajuste de 5,8% em 2024, medida que gerou críticas, já que boa parte da população continua sem o serviço.
Há mais de duas décadas, o estado enfrenta dificuldade para sair das últimas posições do ranking nacional de saneamento. A falta de esgoto tratado e o escoamento irregular comprometem a qualidade de vida e perpetuam um ciclo de pobreza, doenças e desigualdade. Especialistas defendem que apenas um plano contínuo de investimento e fiscalização pode mudar esse cenário.