Nesta terça-feira (18), o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, em uma das maiores intervenções bancárias já registradas no Brasil. A decisão acompanha a prisão do controlador da instituição, o empresário Daniel Vorcaro, durante a Operação Compliance Zero da Polícia Federal, que investiga emissão de títulos de crédito falsos.
De acordo com dados do sistema IF.data do BC, o Master registrava, em março, cerca de R$ 62,2 bilhões em depósitos cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). A liquidação poderá mobilizar fortemente esse fundo seguro, cuja cobertura limita-se a R$ 250 mil por CPF ou CNPJ e por instituição.
No centro do escândalo também está um contrato polêmico: o Master contratou o escritório de advocacia Barci de Moraes, onde atuam Viviane Barci de Moraes — esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes — e dois dos filhos do casal. O banco, porém, não revelou quais são os processos que motivaram a contratação nem os valores pagos pelos serviços jurídicos.
Além disso, surgem suspeitas de envolvimento de outro banco: segundo uma decisão judicial, executivos do BRB (Banco de Brasília) podem ter participado de uma fraude em conjunto com o Master, o que pode gerar perdas superiores a R$ 1,9 bilhão para a instituição pública. Em reação à crise, o BRB anunciou a contratação de uma auditoria externa para apurar os fatos.
O episódio já repercute no mercado: na data da liquidação, houve queda nas ações bancárias, e a bolsa operou com leve recuo.
Esse desfecho marca um momento grave para o sistema financeiro nacional e levanta fortes questionamentos sobre governança, risco regulatório e laços entre instituições privadas e figuras públicas.