O ex-presidente Fernando Collor de Mello, de 75 anos, foi preso nesta quinta-feira (24) em Maceió, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão marca um episódio histórico: Collor é o segundo ex-presidente brasileiro a ser preso após condenação criminal.
Em maio de 2023, o STF condenou Collor a oito anos e dez meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A acusação, apresentada pela Procuradoria-Geral da República no âmbito da Operação Lava Jato, apontava o recebimento de cerca de R$ 20 milhões em propina, entre 2010 e 2014, período em que ele exercia mandato como senador. Os valores teriam sido pagos em troca de favorecimentos na BR Distribuidora, empresa ligada à Petrobras.
Antes dele, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia sido condenado em segunda instância em 2018 e cumpriu 580 dias de prisão, até que o STF anulou as sentenças em 2021, restituindo seus direitos políticos.
Historicamente, outros presidentes brasileiros foram presos, mas por razões políticas. Entre eles estão Hermes da Fonseca, Washington Luís, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Café Filho e Jânio Quadros, em contextos de instabilidade institucional ou autoritarismo.
Mais recentemente, Michel Temer foi detido preventivamente em 2019, mas ficou apenas dez dias preso e não foi condenado. Já Jair Bolsonaro, ainda como capitão do Exército, cumpriu 15 dias de prisão disciplinar em 1987, após criticar publicamente os salários das Forças Armadas.
A prisão de Collor reacende o debate sobre impunidade e responsabilização de figuras públicas no Brasil, e reforça os desdobramentos jurídicos ainda em curso da Lava Jato.